/Paraty em prosa e verso

A convite de IstoÉ Gente, Jorge Forbes escreve sobre a abertura da FLIP 2012, que teve discurso de Luis Fernando Veríssimo, homenagem a Carlos Drummond de Andrade, show de Lenine e, finalmente, dias de sol e calor depois de dez anos da festa literária da cidade histórica.

Brevíssimas cenas da abertura da FLIP-2012

por Jorge Forbes

         Foi com um ato falho freudiano que a FLIP-2012 começou. Luiz Fernando Veríssimo, como sempre fazendo o elogio de seu aparente sintoma de timidez, conta à plateia lotada que, da vez anterior que ali esteve, trocou Flip por Clip. Do seu erro fez um acerto para declamar os dez anos de Flip, a partir da equivocada letra “C”: “um conluio de idéias, um convênio de cérebros, uma convergência de tipos e talentos, uma catarata de conceitos e cantares, um carrossel de criações e catarses e contestações e casos e catequeses.”

        Silviano Santiago, na mesa inaugural, academicamente fez o seu elogio a Drummond, homenageado do ano, indo do conceito à poesia. Em seguida, Antonio Cícero trilhou o caminho em sentido contrário, indo de poesia, de uma poesia – A Flor e a Náusea -, ao conceito. A Lua do lado de fora sorriu.

        Que eu me lembre, pela primeira vez faz sol e calor na Flip. Demorou 10 anos! Nada, portanto, de vestuário St. Germain de Prés, para a tristeza dos que só sabem pensar com um cachecol no pescoço.

        Lenine fez o show de abertura, no palco que já foi de Maria Bethânia e de José Miguel Wisnik, em edições anteriores. Você viu?

        A presença feminina, e já muito lida no tempo, é a maioria.

        O calçamento de Paraty continua fazendo a festa da memória e dos ortopedistas. Ela passa e levanta o olho; ele bem que vale uma topada.

        Sobre as pedras de Paraty, velhas pernas jogam amarelinha, tendo o livro como o céu.

        Na noite de abertura, restaurante sem televisão ficou sem cliente. A fome de gols era maior que a de camarão. Depois da vitória corinthiana, onde jantar? Os restaurantes fecharam!

        Com essa mistura de vida de autor com de leitor, banhada no cenário barroco e iluminada por um sol que explode no espelho do mar, tudo fica incriticável, tudo fica como sempre deveria ter ficado.

        Clique para ler a crônica no site da revista: Paraty em prosa e verso